Ministério Público do Rio denuncia dois PMs do Bope pela morte de um jovem durante festa junina

2 PMs são denunciados pela morte de um jovem em uma festa junina O Ministério Público do Rio denunciou dois policiais militares do Batalhão de Elite pela mo...

2 PMs são denunciados pela morte de um jovem em uma festa junina O Ministério Público do Rio denunciou dois policiais militares do Batalhão de Elite pela morte de um jovem durante uma festa junina. Madrugada de 7 de junho. As câmeras corporais da equipe do Bope registram a incursão no Morro Santo Amaro, no Catete. Mas, no meio do caminho, havia centenas de pessoas reunidas para uma festa junina. Quando a quadrilha da comunidade se preparava para dançar, o tiroteio começou. O sargento do Bope Daniel Sousa da Silva vinha por uma viela. Uma rajada de fuzil é disparada. Ele acelera o passo e, em seguida, novos disparos. É possível ouvir a gritaria à distância. O PM avança e vê um rapaz encostado na parede no fim da escadaria. O agente grita. É o office-boy Herus Mendes, de 23 anos. Ele tenta sair da linha de frente do PM, mas é atingido por dois tiros no quadril e cai no chão às 3h27. Na rua principal, moradores desesperados. O PM Daniel diz que não atirou: “Vê se tem algum inocente baleado aí.” Morador aponta: “Ali.” Policial: “Não é inocente. Eu não dei nenhum tiro”. A denúncia apresentada nesta sexta-feira (5) pelo Ministério Público aponta contradição no inquérito da Polícia Civil. A Delegacia de Homicídios relata que “Herus coloca a mão direita no poste e faz um movimento brusco”, que “a mão de Herus estava na cintura” e que “portava o celular que refletiu uma luz” e, nesse momento, Daniel fez os disparos. “Na visão do Ministério Público, o policial efetuou disparos de arma de fogo contra a vítima, mesmo ela não tendo esboçado nenhuma reação ou nenhum tipo de agressão em relação a ele”, diz Paulo Roberto Melo Cunha, subcoordenador do Gaesp. Ministério Público do Rio denuncia dois PMs do Bope pela morte de um jovem durante festa junina Jornal Nacional/ Reprodução O outro policial militar denunciado é o tenente Felippe Carlos de Souza Martins, comandante da equipe que fazia a operação. De acordo com os promotores, um drone da polícia registrou a festa junina e um dos policiais fez um alerta: "Não vou subir, irmão. É melhor eu não subir e não dar tiro em uma criança do que eu estar preso sábado de manhã". Mesmo assim, segundo o MP, o tenente Felippe Martins decidiu seguir. Durante a incursão, outras cinco pessoas ficaram feridas, entre elas um adolescente de 16 anos. As imagens mostram a revolta da família de Herus. “Mataram meu sobrinho, eu quero saber como foi a dinâmica. Porque o meu sobrinho é trabalhador. Ele trabalha com o pai, tem carteira assinada, entendeu?”. “E a gente nem atirou, camarada. A gente nem deu tiro. A gente nem deu tiro”, diz um policial. Na saída da favela, de acordo com o Ministério Público, o sargento Daniel acaba confessando que atirou em um jovem: “Esse maluco da escada foi comigo. Esse moleque da escada”. A denúncia contra o sargento Daniel Sousa da Silva e o tenente Felippe Carlos de Souza Martins é por homicídio qualificado. O Ministério Público pediu ainda à Justiça a suspensão da função pública dos dois PMs e que eles sejam proibidos de manter contato com testemunhas ou familiares das vítimas e de se ausentar da cidade. A Delegacia de Homicídios disse que analisou o caso com total transparência e que aguarda a decisão da Justiça. A defesa do tenente Felippe Carlos Martins declarou que ele agiu dentro da absoluta legalidade e adotou todas as cautelas. A defesa do sargento Daniel Sousa da Silva disse que ele não tinha intenção de matar a vítima. LEIA TAMBÉM Vídeos mostram momento em que PM do Bope atira e mata Herus durante operação no Santo Amaro, na Zona Sul do Rio MPRJ denuncia dois PMs pelo homicídio qualificado de Herus Mendes no Santo Amaro, Zona Sul do Rio